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terça-feira, 21 de abril de 2015

RECEITAS DE FAMÍLIA


PAÇOCA DE CARNE???

Conheça a história desta receita que tem mais de cem anos de existência, desde o período colonial,  e ainda hoje é feita e apreciada por muitas pessoas.

Paçoca todo mundo conhece, aquele doce de amendoim que muitos adoram e  comum em festas juninas que acontecem todo ano no Brasil. Tem aquela paçoca mais firme, quadradinha, aquelas roliças que desfazem na boca e cada um tem uma maneira própria de fazer o doce. Bom, isso tudo você já sabe né.
E Paçoca de carne? Você já experimentou?
Receita centenária que faz sucesso até hoje
 pela sua simplicidade e sabor típico
(Foto: Elenice Arantes)
 A paçoca de carne tem origem indígena, e era muito consumida, também, entre os bandeirantes, tropeiros e garimpeiros que buscavam por uma comida prática, com boa durabilidade e ao mesmo tempo pudesse satisfazer a fome desses viajantes. A escassez de ingredientes para uma boa refeição os obrigava a criar alternativas já  que eram obrigados a suportar uma jornada longa, de dias seguidos em navegação.
Muito comum no Norte e Nordeste, a receita original é feita a base de carne salgada seca ao sol misturada com farinha de mandioca e socada no pilão.  No entanto, são encontradas outras variações da receita, como no sul do país, onde a carne é moída no pilão com milho e farinha. Há quem ainda substitua a carne pela castanha assada e socada no pilão com farinha d´agua, sal e açúcar.
O famoso Pilão, instrumento usado na
fabricação da Paçoca
(Foto: Elenice Arantes)
A operadora de  caixa Elenice Arantes, 38 anos, tem um bom exemplo desta história, digamos, uma personagem que ilustra bem esta receita. Trata-se de sua tataravó Pedrina Maria de Jesus que viu na Paçoca uma alternativa para a conservação dos alimentos já que, nesta época, a situação era muito diferente dos dias atuais, não existia energia elétrica e as pessoas eram obrigadas a se adaptar as necessidades, usando a criatividade.  Elenice soube da história por intermédio de seu pai, Arivor Francisco de Oliveira, 67 anos, que faz a paçoca até hoje. 
Ele é quem conta dos apuros que dona Pedrina, sua avó, passava para sobreviver. “Como naquela época não existia energia elétrica, não havia geladeira, e as pessoas precisavam encontrar maneiras, improvisar mesmo, para conservar os alimentos e é neste ponto que entra a Paçoca de carne.
Sr Arivor conta que a carne de porco era frita e armazenada, após misturava esta carne picada com farinha de milho e socava tudo em um pilão feito de madeira.  A história de Dona Pedrina começou no bairro do Turvo em Piedade, interior de São Paulo, cidade que vive da agricultura até hoje. Como morava longe da cidade, onde havia o armazém mais próximo, e por não ter padaria naquela época, ela tinha que improvisar da maneira que conseguia.” Ela consumia a paçoca no lugar do pãozinho junto com um bom café e, muitas vezes, acompanhada de banana que fica muito bom também, “complementa o Sr. Arivor.
 Para o sr. Arivor, este utensílio o remete a
muitas lembranças
(Foto: Elenice Arantes)
E esse costume foi transmitido de geração em geração, da dona Pedrina para a dona Pedra Maria de Jesus, bisavó de Elenice, que depois foi passado para sua avó que passou para seu pai e agora para ela própria, que também aprendeu a receita.
Até hoje esta receita é feita na família de Elenice, por seu pai e seus tios e todos tem a preocupação de manter a mesma preparação daquela época de sua tataravó.  A única diferença é que hoje, acrescentam um pouco de alho e óleo além de alguns outros temperos como a pimenta, por exemplo, porém a base da receita continua a mesma (carne de porco socada no pilão com farinha de milho).
Até os filhos de Elenice aprovam a paçoca e pedem sempre para fazer. “Vira e mexe meus filhos pedem para meu pai fazer a paçoca e sempre que faz acaba tudo em pouco tempo. Além de ser uma farra só, já que a forma de socar a carne acaba divertindo os meninos,” acrescenta Elenice.


Reportagem produzida por Melissa Regina
 para o Blog Entre Pratos



domingo, 15 de março de 2015

CADERNO DE RECEITAS AINDA EXISTE?


CADERNO DE RECEITAS AINDA EXISTE?

A certeza  que a receita vai dar certo e a ligação que existe entre a receita e a história com a família, são alguns dos motivos que levam pessoas a conservarem o caderno atualmente.

(Foto: Aline Acquaviva)
Quando você pensa em preparar alguma receita, algum prato para receber um amigo ou para reunir a família, por onde começa? Entra na internet, digita o nome da receita e pronto: vão aparecer diversas opções e variações deste prato. Muito fácil e simples.
Provavelmente, esta seja a resposta da maioria das pessoas. No entanto, contrariando esta afirmação, a professora aposentada Sueli Delmonde Proença de 58 anos conta que pouco usa a internet para este fim. Suas pesquisas são feitas em seu “arquivo pessoal”: seu querido caderno de receitas que conserva ainda hoje, desde quando se casou, época em que iniciou a construção do seu caderno. Sueli explica que as receitas vieram de sua mãe, tias, sogra, amigas com o intuito de ajuda-la no início do casamento, já que era inexperiente na cozinha e queria agradar o marido.
“Adoro as receitas que tem nele e não troco meu caderno por nada. Tem muitas receitas de família, de minha mãe, tia, avó e todas são muito especiais para mim”, esclarece Sueli. Além disso, ela aponta outro motivo para ainda conservar seu caderno “
Sei que todas as receitas foram feitas e testadas por pessoas conhecidas e deram certo, posso confiar pois dificilmente alguma vai dar errado, não corro o risco de perder os ingredientes.”
(Foto: Melissa Regina)
A professora conta que algumas receitas já se tornaram tradição familiar e são carinhosamente chamadas de  Patê de Legumes da Mãe”, Bolo da Vó”, “Pão Doce da Mãe”, entre outras.  Sem falar do famoso “Pão da Tia Clara”, esse então, é o queridinho de toda família e nunca falha, sempre dá certo. Sueli garante que é uma massa macia,saborosa e tanto pode ser feito na versão doce ou salgado. “ Todos sempre pedem para fazer e eu não canso de receber elogios. Minha tia Clara sabia das coisas”, brinca.
Mas não pense que esta dona de casa, tão dedicada a família, deixa de dar uma olhada na internet atrás de alguma novidade. “É sempre bom inovar, vez ou outra fazer algo diferente”, diz Sueli. Ela não quer ficar para trás, mas confessa que andou se decepcionando com determinadas receitas que encontrou. “Já me deparei com receitas que, a princípio, pareciam ser maravilhosas. Fazia certinho, do jeito que estava no site, mas sempre dava algo errado. Tinha algumas que não conseguia desenformar, misturava tudo. O paladar até ficava bom, mas visualmente era horrível. Não são todas que dão certo”, acrescenta.
(Foto: Melissa Regina)
E o caderno desta professora não para de crescer. Sempre que pode anota receitas novas que recebe de parentes e amigas e, da mesma forma, compartilha as suas com outras pessoas também.
O mais interessante disso é que essas receitas nunca estão sozinhas. Sempre acompanham histórias de vida de pessoas queridas, guardam segredos, dicas valiosíssimas que nem mesmo os mais experientes profissionais da Gastronomia tem conhecimento. São recheadas de emoção e muito carinho, com um toque único que torna os pratos, mesmo os mais simples, muito especiais. 




Reportagem produzida por
Melissa Regina para o Blog Entre Pratos