terça-feira, 5 de maio de 2015

Estilo de Vida: Vegetarianismo

Nutrição Vegetariana



Saiba mais sobre esse hábito que atrai cada vez mais adeptos e ainda causa controvérsias

Quem não gosta daquele churrasco entre amigos, uma carne mal passada, aquele peixe assado ou até aquele frango grelhado? Deu água na boca? No entanto, há milhares de pessoas no mundo que não consomem esses alimentos, não comem nenhum tipo de carne. São os chamados vegetarianos. Segundo pesquisas o número de adeptos da dieta vegetariana cresce a cada dia e um dos principais motivos é o amor e respeito pelos animais.
Monica e seu noivo, Rafael, com seus sanduíches
 vegetarianos
(Foto: Arquivo Pessoal)
A nutricionista Mônica Silva e Brito de 25 anos, vegetariana há 7 anos, conta que decidiu optar por essa dieta após assistir um documentário chamado “A carne é fraca” do Instituto Nina Rosa, que traz os primeiros questionamentos ao indivíduo sobre as consequências de se comer carne. Ela conta que no filme é retratado o sofrimento dos animais sendo criados para o abate. "Fiquei arrasada assistindo aqui, ver o sofrimento dos animais me fez chorar. É muito triste,"acrescenta.
Ela conta que, mesmo assim, foi um pouco difícil acostumar e acabava vez ou outra voltando atrás, principalmente por falta de opções na alimentação.
“No início me mantive vegetariana por mais ou menos um mês até que, aos poucos, voltei a comer carne porque não tinham muitas opções para comer em casa, nas festas e/ou reuniões de amigos, no trabalho e tal,” explica Mônica. Pouco tempo depois, entretanto, um fato determinante fez com que ela, definitivamente, excluísse a carne da sua alimentação. “No dia 10 de junho de 2008 em uma dessas escorregadas, comi um hambúrguer no trabalho e o mesmo ficou entalado na minha garganta, precisei ser levada ao pronto socorro para retirar através de uma sonda colocada pelo nariz. De alguma maneira neste dia senti que não devia mais comer carne, e o trauma da sonda me ajudou muito, “ conta, aos risos.
A nutricionista reconhece que seu noivo, Rafael, que na época, já era adepto do vegetarianismo há 2 anos, contribuiu para que conseguisse seguir neste caminho. Com ele descobriu novas formas de comer entre amigos, no trabalho etc.

A Faculdade de Nutrição e o Vegetarianismo

Salada que Monica improvisou com tudo
que tinha em casa
(Foto: Arquivo Pessoal)
O vegetarianismo influenciou na sua escolha pelo curso de nutrição pois queria entender mais sobre o que é verdade ou não sobre a dieta vegetariana e tentar, de alguma forma, ajudar outras pessoas, esclarecendo melhor sobre este tema. “Sem dúvida me ajudou muito a entender melhor sobre a nutrição humana, as necessidades de nutrientes e todos os cuidados que precisamos ter. Porém, o perfil da Universidade e dos professores definia bastante o que era abordado como “certo ou errado”, e a alimentação vegetariana era abordada com frequência com um olhar negativo.” esclarece Monica. Agora, com o conhecimento obtido, ela tenta manter uma alimentação mais balanceada e elaborada por ela mesma.
A nutricionista afirma,  que consegue, sem dúvidas, com sua dieta, todos os nutrientes obtidos em uma alimentação tradicional composta por carnes. “Apenas é necessário conhecer e pesquisar alimentos que são pouco comuns na dieta cotidiana do brasileiro” avisa.

Brincadeiras a parte

Muitos são os comentários, brincadeiras e até insistências para Monica voltar a consumir carne. Algumas frases que costuma ouvir com frequência: “Mas você come o que?” “Você não fica se sentindo fraca?” “Como você consegue viver sem carne!?” “Não adianta você parar de comer carne por causa dos animais, todo mundo continua comendo!”. “Várias pessoas tentam me convencer a comer carne a princípio (quando falo que não como carne), porém depois que explico tudo o que penso e sei sobre o tema, dificilmente a pessoa continua a me induzir,”conta a nutricionista.

Situações em público

Questionada sobre os apuros que passa ao receber algum convidado para jantar, em casa, Monica fala que, aos poucos, as pessoas foram se acostumando e não sofre problemas com isso. Ela conta que não prepara carne para ninguém e, mesmo a família consumindo carne ela costuma preparar algo sem carne pra ela e o noivo. E ainda afirma que até seu irmão que se considera carnívoro aprecia seus pratos diferenciados. “ Quando ele vem em casa e faço uma torta salgada de legumes ele se mata. Acredito que, aos poucos, as pessoas que convivem com a gente começaram a gostar e apreciar mais opções de pratos sem carne, mesmo que continuem comendo o alimento,” complementa.
Leite de amêndoa,  Monica tenta, aos poucos,
se acostumar com outras opções
(Foto: Arquivo Pessoal)
Monica afirma que não passa por muitas dificuldades quando resolve sair com amigos.  “Quando se trata de um barzinho ou lugar similar é mais difícil, muitas vezes janto antes de ir, e lá fico petiscando batata frita, mandioca, amendoim, etc. Quando é na casa de alguém ou na minha casa, normalmente já sabem que eu e meu noivo somos vegetarianos e sempre tem uma opção sem carne, ou nós mesmos levamos algo que possamos comer.”
 Ela conta que não é convidada a ir a uma churrascaria, por exemplo, pois normalmente, os programas são marcados em lugares que ela possa ir. A família e amigos apoiam sua dieta e respeitam. Segundo ela, alguns também são vegetarianos e outros tentaram mas não conseguiram continuar. “Acho que tenho sorte, ou melhor, acredito que atraímos para próximo de nós pessoas e situações que condizem com os nossos interesses, pensamentos, forma de viver a vida etc” acrescenta Monica.
Entretanto, a nutricionista relata um caso que foi, no mínimo curioso, para quem não come carne. O episódio aconteceu em uma empresa que era cliente de uma grande rede de alimentação coletiva na qual ela estagiava e uma de suas obrigações era acompanhar a qualidade do serviço prestado pela empresa de alimentação coletiva. “Certa vez ocorreu um “burburinho” sobre uma carne com gosto duvidoso, e precisei experimentar a mesma. Então a coloquei boca, senti o gosto, dei meu parecer e cuspi a mesma no lixo.”
Monica não é do tipo que repugnia aquele que se alimenta de carne, mesmo sendo adepta do vegetarianismo, respeita a opinião de quem é diferente dela e não tenta convencer os outros a seguir seu exemplo. Acredita que cada um tem seu momento e deve partir da própria pessoa a decisão. “No começo eu era uma louca, queria convencer todo mundo a virar vegetariano e até vegano, mesmo sem eu ser.  Hoje em dia, quando o assunto rola entre eu e uma pessoa que aparentemente tem interesse pelo assunto, procuro expor tudo que sei e penso sobre o tema, mas sem influenciar ou forçar meu ponto de vista,” conta a nutricionista, que se diverte, ao lembrar.

Despertar de uma nova consciência

Hoje, Monica tem uma consciência maior sobre o assunto e argumentos que podem levar as pessoas a refletir sobre suas atitudes e repensar certos conceitos. Ela analisa diversas questões, desde religião, matança cruel de animais, questão ambiental, saúde e aspecto social.
Uma das marmitas que a nutricionista preparava para levar ao estágio
(Foto: Arquivo Pessoal)
”Adoro falar sobre o vegetarianismo, mas é difícil achar pessoas que realmente queiram ouvir sem preconceito. É mais cômodo continuar comendo carne e se mantendo ignorante diante das problemáticas que envolvem esse assunto, do que se preocupar com a vida de seres inocentes, que não tem voz e não sabem se defender da frieza e egoísmo do ser humano e do capitalismo. Ser a voz deles nos custa coragem, compaixão, altruísmo, respeito, ética, empatia e amor, estes princípios não fazem dos ovo-lacto-vegetarianos, lacto-vegetarianos, vegetarianos ou veganos melhores, superiores, bonzinhos, eles estão apenas cumprindo com a responsabilidade de respeitar a vida alheia, isto é,  não fazer ao próximo o que não quer que te façam,” arremata. Monica ainda se alimenta de derivados como leite e ovos portanto é considerada ovo-lacto-vegetariana mas tem o objetivo de se tornar, em breve, totalmente vegana, ou seja, excluir todo e qualquer alimento que venha dos animais. Para quem se interessa pelo assunto ela cita, além do documentário "A carne é fraca," também os livros “Lugar de Médico é na Cozinha”, “Tudo que vive é seu próximo” (psicografado) e o documentário “Terráqueos."
Monica, realmente acredita que sua decisão é definitiva e cita uma fala de Ghandi em sua biografia que diz: ““Pouco me importa se estou adoecendo, se isso pode me causar algum mal, mas não matarei meus irmãos animais para me alimentar”. É exatamente isso que sinto,” finaliza.

Você sabia???
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  • Lacto-Vegetarianos: utilizam leite, laticínios,e produtos de origem vegetal
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Reportagem produzida por Melissa Regina
para o Blog Entre Pratos



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