segunda-feira, 27 de abril de 2015

CURSO: GASTRONOMIA



ALÉM DA COZINHA

Muitos começam a cursar gastronomia porque gostam de cozinhar. Mas em um curso com diversas áreas de atuação, o gosto pela cozinha é apenas um dos motivos que fazem os alunos escolherem esse caminho


Jamili e Angélica sovam a massa do stollen: famoso pão alemão
(Foto: Aline Acquaviva)
Em meio a um constante barulho de pratos e objetos, pessoas vestidas da cabeça aos pés com aventais brancos andam de um lado para o outro realizando a atividade proposta. Na aula de hoje a pauta é: gastronomia.
Observação sempre
Entre os olhares atentos da professora, os alunos reproduzem a receita pedida. A estudante Angélica Leite, 21 anos, diz que a professora observa tudo “Ela está olhando tudo o que você faz inclusive o que você não faz também é observado”, comenta sorrindo a aluna do 1º semestre que conta que gastronomia não foi a sua primeira opção de curso “Minha primeira opção foi contabilidade, que não tinha nada a ver comigo, só agora eu vi que eu estava totalmente errada na área, e decidi fazer gastronomia”.
Alunos começam a preparar pães na aula prática (Foto: Aline Acquaviva)
Angélica conta que resolveu fazer o curso porque gostava de cozinhar “Eu gosto da área de gastronomia e eu vivo fazendo doces em casa e alguns pratos salgados”, mas ela não imaginava passar algumas dificuldades no curso “Nas aulas de tecnologia de alimentos, que tem muita coisa que eu não aprendi no ensino médio e eu estou vendo agora na faculdade, o que está sendo complicado”, diz. “Eu pretendo me especializar mais na área de confeitaria, fazer uns cursos, e futuramente cursar hotelaria para criar um negócio pra mim”, almeja.
Jovem criatividade
Ao ser perguntada sobre o que a culinária a faz sentir, a estudante Jamili Leon Rodrigues, 19 anos, para um pouco para pensar “Eu me sinto mais criativa. A criatividade vem abrangendo algum conhecimento que eu peguei fora, juntando com o que eu sei e criando algo novo”, diz a estudante que começou a cozinhar porque não gostava da comida que a mãe fazia “Como eu não gosto, eu sempre fazia comida na minha casa. Eu gosto de fazer comida, eu não gosto de fazer doce. Então provavelmente não trabalharia com confeitaria. Gosto dessa área de restaurantes que servem comidas tradicionais”, comenta a jovem.
Primeira base
Todas as aulas práticas são assim, com uma primeira base antes de colocar a mão na massa “Antes de toda aula prática sempre tem a parte teórica, a introdução do que é feito. Cada professor tem uma apostila teórica, prática, assim é apresentada toda a forma de preparo para os alunos, eles vêm para a cozinha e preparam o prato. E tem a degustação depois onde são avaliados”, explica Maria Ângela Severino que é coordenadora do Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia da Universidade de Sorocaba.
Buscando aprendizados
“Eu já trabalhei em choperias aqui em Sorocaba, e na época comecei como ajudante de cozinha, e com o passar do tempo, fui tendo oportunidades, comecei a fazer junto com eles, e eu fui vendo que aquilo ali era o que eu gostava mesmo”, comenta o estudante Helianderson Baleeiro da Rocha, de 30 anos que não havia realizado nenhum curso na área antes “Eu estou gostando muito da parte da panificação, uma coisa que eu não tinha a base, mas estou melhorando bastante, a confeitaria e a parte de habilidades, estou aprendendo bastante coisa, técnicas diferentes”, comemora.

Os alunos gostam da aula prática: professora alerta que a teoria é fundamental
(Foto: Aline Acquaviva)
Além da cozinha 

Engana-se quem pensa que o aluno de gastronomia só aprende a cozinhar. No curso ele tem noções de higiene, nutrição, gestão de bares e restaurantes, entre outros “Tem o título de tecnólogo, são dois anos de tecnólogo, são quatro semestres, divididos em aulas práticas e teóricas, onde o aluno aprende todas as cozinhas, cozinha brasileira, internacionais, aprende higiene, nutrição. Tem a parte de dados, guia, tudo que envolve nutrição, bebida, cozinha o aluno tem”, comenta a professora Maria Ângela.
“Eles usam o laboratório de alimentos que é a parte de nutrição, precisão, a parte de química, física, pesquisa, a confeitaria, a panificação e a cozinha quente, além das salas de aula”, diz a professora que ainda diz as várias matérias que os alunos aprendem no curso.
A alegria no rosto do cliente
“Eu sinto um prazer em fazer a comida porque eu faço algo que a pessoa vai gostar. Se a pessoa elogia, daí eu ganho o meu dia”, diz Angélica animada.  Helianderson também enxerga a aprovação do cliente como a resposta de tudo “Ah, dá prazer, apesar de ser bastante cansativo, quando termina tudo e a gente vê pronto, a pessoa fica contente né e sente prazer”.
Hora da avaliação
“Nós temos avaliação teórica, o aluno tem que entender o porquê de tudo, porque usa mais farinha de trigo do que a farinha de soja pra fazer o pão, a importância dos ingredientes, qual a função deles. Nós temos duas avaliações, prática e teórica onde cada professor tem uma metodologia diferente. Na disciplina de cozinha europeia eles têm que organizar um evento com produções, pratos típicos de cada cozinha que foi estudada no semestre. E aí montar um evento”, fala a professora que ainda complementa que apesar dos alunos gostarem das aulas práticas a teoria é fundamental.
Observando tudo: a professora avalia o que fazem e deixam de fazer
(Foto: Aline Acquaviva)

Opções de estágio e trabalho futuro
Os alunos podem estagiar na área de alimentos e bebidas, na área de gastronomia. “Precisa ser na cozinha. Padaria, confeitaria, açougue, restaurantes são algumas das opções”, explica a professora.
“O curso tem várias disciplinas, e segmentos da gastronomia, não precisamente você tem que ficar só no que gosta, pois irá aprender toda a parte teórica, parte prática, de gestão de bares e restaurantes, então você pode também partir para essa área administrativa. Você pode dar consultoria, trabalhar numa cozinha de spa, alimentação mais saudável, uma cozinha alternativa, em cozinha de hospitais, hotéis, treinamento para empregadas domésticas, montar cardápios”, explica.
“Tem vários segmentos que você pode aproveitar, não tem que ser só cozinha, mas isso você vai adquirindo conhecimentos e durante o curso vai se identificando com uma área ou outra, e aí depois você dá continuidade”, finaliza a professora.


Reportagem produzida por Aline Acquaviva 
para o Blog Entre Pratos

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