ALÉM DA COZINHA
Muitos começam a cursar gastronomia porque gostam de cozinhar. Mas em um curso com diversas áreas de atuação, o gosto pela cozinha é apenas um dos motivos que fazem os alunos escolherem esse caminho
Jamili e Angélica sovam a massa do stollen: famoso pão alemão (Foto: Aline Acquaviva) |
Em meio a um constante
barulho de pratos e objetos, pessoas vestidas da cabeça aos pés com aventais
brancos andam de um lado para o outro realizando a atividade proposta. Na aula
de hoje a pauta é: gastronomia.
Observação
sempre
Entre os olhares
atentos da professora, os alunos reproduzem a receita pedida. A estudante
Angélica Leite, 21 anos, diz que a professora observa tudo “Ela está olhando
tudo o que você faz inclusive o que você não faz também é observado”, comenta
sorrindo a aluna do 1º semestre que conta que gastronomia não foi a sua
primeira opção de curso “Minha primeira opção foi contabilidade, que não tinha
nada a ver comigo, só agora eu vi que eu estava totalmente errada na área, e
decidi fazer gastronomia”.
Alunos começam a preparar pães na aula prática (Foto: Aline Acquaviva) |
Angélica conta que
resolveu fazer o curso porque gostava de cozinhar “Eu gosto da área de gastronomia
e eu vivo fazendo doces em casa e alguns pratos salgados”, mas ela não
imaginava passar algumas dificuldades no curso “Nas aulas de tecnologia de
alimentos, que tem muita coisa que eu não aprendi no ensino médio e eu estou
vendo agora na faculdade, o que está sendo complicado”, diz. “Eu pretendo me
especializar mais na área de confeitaria, fazer uns cursos, e futuramente cursar hotelaria para criar um negócio pra mim”, almeja.
Jovem
criatividade
Ao ser perguntada sobre
o que a culinária a faz sentir, a estudante Jamili Leon Rodrigues, 19 anos,
para um pouco para pensar “Eu me sinto mais criativa. A criatividade vem abrangendo
algum conhecimento que eu peguei fora, juntando com o que eu sei e criando algo
novo”, diz a estudante que começou a cozinhar porque não gostava da comida que
a mãe fazia “Como eu não gosto, eu sempre fazia comida na minha casa. Eu
gosto de fazer comida, eu não gosto de fazer doce. Então provavelmente não trabalharia
com confeitaria. Gosto dessa área de restaurantes que servem comidas tradicionais”, comenta a jovem.
Primeira
base
Todas as aulas práticas
são assim, com uma primeira base antes de colocar a mão na massa “Antes de toda
aula prática sempre tem a parte teórica, a introdução do que é feito. Cada
professor tem uma apostila teórica, prática, assim é apresentada toda a forma
de preparo para os alunos, eles vêm para a cozinha e preparam o prato. E tem a
degustação depois onde são avaliados”, explica Maria Ângela Severino que é coordenadora
do Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia da Universidade de Sorocaba.
Buscando
aprendizados
“Eu já trabalhei em
choperias aqui em Sorocaba, e na época comecei como ajudante de cozinha, e com o
passar do tempo, fui tendo oportunidades, comecei a fazer junto com eles, e eu
fui vendo que aquilo ali era o que eu gostava mesmo”, comenta o estudante
Helianderson Baleeiro da Rocha, de 30 anos que não havia realizado nenhum curso
na área antes “Eu estou gostando muito da parte da panificação, uma coisa que
eu não tinha a base, mas estou melhorando bastante, a confeitaria e a parte de
habilidades, estou aprendendo bastante coisa, técnicas diferentes”, comemora.
Os alunos gostam da aula prática: professora alerta que a teoria é fundamental (Foto: Aline Acquaviva) |
Além
da cozinha
Engana-se quem pensa
que o aluno de gastronomia só aprende a cozinhar. No curso ele tem noções de
higiene, nutrição, gestão de bares e restaurantes, entre outros “Tem o título
de tecnólogo, são dois anos de tecnólogo, são quatro semestres, divididos em
aulas práticas e teóricas, onde o aluno aprende todas as cozinhas, cozinha
brasileira, internacionais, aprende higiene, nutrição. Tem a parte de dados,
guia, tudo que envolve nutrição, bebida, cozinha o aluno tem”, comenta a
professora Maria Ângela.
“Eles usam o
laboratório de alimentos que é a parte de nutrição, precisão, a parte de
química, física, pesquisa, a confeitaria, a panificação e a cozinha quente,
além das salas de aula”, diz a professora que ainda diz as várias matérias que
os alunos aprendem no curso.
A
alegria no rosto do cliente
“Eu sinto um prazer em
fazer a comida porque eu faço algo que a pessoa vai gostar. Se a pessoa elogia,
daí eu ganho o meu dia”, diz Angélica animada.
Helianderson também enxerga a aprovação do cliente como a resposta de
tudo “Ah, dá prazer, apesar de ser bastante cansativo, quando termina tudo e a
gente vê pronto, a pessoa fica contente né e sente prazer”.
Hora
da avaliação
“Nós temos avaliação
teórica, o aluno tem que entender o porquê de tudo, porque usa mais farinha de
trigo do que a farinha de soja pra fazer o pão, a importância dos ingredientes,
qual a função deles. Nós temos duas avaliações, prática e teórica onde cada
professor tem uma metodologia diferente. Na disciplina de cozinha europeia eles
têm que organizar um evento com produções, pratos típicos de cada cozinha que
foi estudada no semestre. E aí montar um evento”, fala a professora que ainda
complementa que apesar dos alunos gostarem das aulas práticas a teoria é
fundamental.
Observando tudo: a professora avalia o que fazem e deixam de fazer (Foto: Aline Acquaviva) |
Opções
de estágio e trabalho futuro
Os alunos podem
estagiar na área de alimentos e bebidas, na área de gastronomia. “Precisa ser
na cozinha. Padaria, confeitaria, açougue, restaurantes são algumas das
opções”, explica a professora.
“O curso tem várias
disciplinas, e segmentos da gastronomia, não precisamente você tem que ficar só
no que gosta, pois irá aprender toda a parte teórica, parte prática, de gestão
de bares e restaurantes, então você pode também partir para essa área
administrativa. Você pode dar consultoria, trabalhar numa cozinha de spa, alimentação
mais saudável, uma cozinha alternativa, em cozinha de hospitais, hotéis,
treinamento para empregadas domésticas, montar cardápios”, explica.
“Tem vários segmentos
que você pode aproveitar, não tem que ser só cozinha, mas isso você vai
adquirindo conhecimentos e durante o curso vai se identificando com uma área ou
outra, e aí depois você dá continuidade”, finaliza a professora.
Reportagem produzida por Aline Acquaviva
para o Blog Entre Pratos
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